Nas relações amorosas, sou fascinada pela fração de segundo, o lapso mínimo em que os olhares se desencontram e a palavra que podia ter sido pronunciada se recolhe por pusilanimidade, egoísmo ou autocompaixão. E a cumplicidade se rompe e a gente se sente sozinha.O caminho do desencontro é ladrilhado de silêncios, quando se devia falar, e de palavras quando o melhor teria sido ficar calado: e a gente sabia, ah sim, sabia. Pior: é ladrilhado de gestos que não foram feitos quando o outro tanto precisava. E no silêncio o peso da omissão, cumplicidade com o erro, se agiganta.
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Nem sempre acerto o tom, nem sempre encontro as palavras, eventualmente magôo a quem amo e aliso a quem desejava censurar. Palavras são animais esquivos, ora belos, ora mortais. Ninguém os domestica de verdade, ninguém consegue fugir do seu poder. Mas nem sempre sabemos o poder que elas têm e concedem...."
"Ando cansada de frases, mas elas são a arma que me resta, a ferramenta com que nasci, o recurso que o destino colocou a meu dispor, mesmo quando as emoções se cansam..."
Lya Luft
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