sábado, 24 de abril de 2010

Como fugir dos seus problemas

"As pessoas dizem que não adianta você sair de um lugar achando que você vai se livrar dos seus problemas. Porque problema são coisas grudentas, que vão com você para qualquer lugar. Mas, de vez em quando, não custa tentar. Vai que algum problema, no meio do caminho, se perde? Além do mais, fugir dos problemas tem uma vantagem. Mesmo que seus problemas estejam com você, ocupando a sua mente, os novos problemas ficarão afastados!

Claro que quando você chegar no local da fuga – o bom são destinos ermos, sem meios de comunicação – problemas novinhos em folha estarão lá esperando por você. Você pode pegar bicho do pé. Torcer o pulso numa atividade lúdica. Cair de amores por um caiçara. Ou não cair de amores por ninguém. Por outro lado, os novos problemas que surgirão no seu habitat natural não vão surtir efeito em você, porque ninguém vai conseguir te avisar. E estes é que são os piores problemas. Um bicho do pé não é nada comparado a você descobrir que foi enganada pelo seu contador e que deve R$ 50 mil ao fisco. Ou R$ 500. Um bicho do pé é ótimo! Ele pode até te fazer companhia, conversar sobre a novela, fazer um cafuné.
Então, para fugir bem de um problema, você deve fazer que nem eu: pegue um táxi, um avião, outro táxi, um catamarã, um jipe, um barco, um trator. Sim, enquanto vocês lêem estas linhas, estarei em algum momento desta travessia. É verdade, não estou roubando na conta. Pronto, você conseguiu chegar num lugar muito muito muito longe. Sim, você é neurótica e levou o celular. Mas o único jeito dele pegar é você ficar andando com ele pela beira da praia tentando conseguir um tracinho. Vocês sabem o que eu estou falando. Claro que você vai passar a semana inteira com comichão, perguntando para pescadores onde tem um cyber-café.
Não ter um cyber-café já é um problema em si. Aí você vai ficar com este comichão pensando “ai, minha nossa senhora, será que tem algum problema novo que eu não tô sabendo?”. Sim, porque embora odiemos nossos problemas, somos viciadas neles. Então, depois de não conseguir nenhum tracinho, você provavelmente irá fretar um trator e ficar andando pelo areal até conseguir um cyber-café. Aí vai abrir seu email e descobrir um problema novo. Soma-se a isso, claro, o bicho do pé e o pulso luxado. Aí você vai voltar deprimida no trator, pensando no novo problema, e pensando que o motorista do trator não está a fim de você. Ó vida, ó azar.
Pensando bem, acho que desistir de viajar!!
PS: Tudo isso se você for mulher. Se você for homem vai ficar na beira do mar curtindo a vida."


Jô Hallack

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