"Evitava um abraço quando mais precisava dele, dava um beijo seco quando queria deixar que ele invadisse todo o seu corpo, deixava de escrever as coisas mais bonitas pra não alimentar um possível desinteresse do outro.E ficava jogando sozinha o jogo imbecil dos que temem porque ignoram a tranqüilidade. E ficava triste, desconsoladamente triste quando poderia estar sendo o momento mais pleno da sua vida: ela estava apaixonada pela sua confusão. Era só prestar atenção no outro, na atmosfera, nos gestos.Mas só tinha olhos pro seu medo. Era só ter mais confiança na vida e lembrar das tantas outras vezes que sobreviveu. E que munir-se não a imunizava. E ela só não entendia que isso ainda acontecia porque sempre investia na coisa errada: investia todas as fichas no outro esperando retorno até não sobrar nada pro trabalho mais minucioso: investir no sossego do próprio coração."
Marla de Queiroz
sexta-feira, 1 de janeiro de 2010
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