"Ódio?Ódio por ele? Não...Se o amei tanto,Se tanto bem lhe quis no meu passado,Se o encontrei depois de o ter sonhado,Se à vida assim roubei todo o encanto...Que importa se mentiu? E se hoje o prantoTurva o meu triste olhar, marmorizado,Olhar de monja, trágico, geladoComo um soturno e enormeCampo Santo!Ah! nunca mais amá-lo é já bastante!Quero senti-lo d’outra, bem distante,Como se fora meu, calma e serena!Ódio seria em mim saudade infinda,Mágoa de o ter perdido, amor ainda.Ódio por ele? Não... não vale a pena..."
Florbela Espanca
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