domingo, 5 de julho de 2009

O ocasional e o essencial


"Os dias que correm, hoje, indicam que nossa vida amorosa irá se intensificar ainda mais.

Mas este barulho todo não oculta nosso questionamento mais secreto: haverá alguém que, entre todos, poderia ter justificado nossa existência de forma mais intensa?...a pessoa que você amou e perdeu no passado era essencial na sua vida?

Uns tiveram muitos amores entre os 16 e os 80 anos, outros tiveram poucos, mas todos nós possuímos um passado, não há quem tenha vivido com o coração desocupado.

Os dias que correm, hoje, indicam que nossa vida amorosa irá se intensificar ainda mais, uma vez que as possibilidades de encontro se multiplicam (a Internet fazendo sua parte), os preconceitos diminuem (aumentando a oferta de "composições") e a necessidade de desejar e ser desejado tem se imposto à necessidade de casar e ter filhos.

Na prática, estas mudanças já vêm acontecendo.

Há diversas formas de se relacionar, e se o número de adeptos de formas menos tradicionais ainda não é volumoso, o respeito por todas elas está, ao menos, quase sedimentado.

Este entre-e-sai de homens e mulheres na vida uns dos outros dinamiza as relações, incrementa biografias, dá uma sensação de estarmos aproveitando bem o nosso tempo.

E o amor não está excluído da festa, pode marcar presença forte em quaisquer dos novos padrões de comportamento.

Mas este barulho todo não oculta nosso questionamento mais secreto: haverá alguém que, entre todos os que cruzaram nosso caminho, poderia ter nos transformado, nos acrescido, nos desviado desta eterna experimentação e justificado nossa existência de uma forma mais intensa?

Terá esta pessoa cruzado por nós e a perdemos por causa de uma frase mal colocada, por uma palavra dita com agressividade, por uma precipitação, por um medo ou um equívoco?

Não é uma resposta que chegue cedo para todos.

Sorte de quem já a tem. ...que destino teríamos se um amor vivido errado tivesse sido vivido certo?

Como assumir este amor sem sofrer as influências da época, da sociedade e da nossa própria imaturidade.

Como valorizar o que se tem no momento em que se tem, e não depois.

Como livrar-se do fantasma do "se eu tivesse dito, se eu tivesse feito, se eu...".

O maravilhoso mundo das relações amorosas progride, se reinventa, se liberta das convenções, se movimenta para um lado e para o outro, mas seguimos mantendo a íntima esperança de que, entre todos os "muitos" que nos fizeram felizes, possamos reconhecer aquele "um" que calaria todas as nossas perguntas."

MARTHA MEDEIROS

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